
Prémios REGIOSTARS 2025: projeto português entre os vencedores
A cerimónia de atribuição dos Prémios REGIOSTARS 2025 decorreu em Bruxelas, a 15 de outubro, no âmbito da Semana Europeia das Regiões e Cidades, reunindo representantes de toda a Europa para celebrar os melhores projetos financiados pela União Europeia.
Coordenado por Rui Carrilho Gomes, professor do IST e investigador do Centro de Investigação e Inovação em Engenharia Civil para a Sustentabilidade (CERIS), o projeto AGEO – Plataforma Atlântica para a Gestão dos Riscos Geológicos reúne cientistas, decisores políticos e comunidades locais numa plataforma digital colaborativa. Através de uma aplicação móvel, permite aos utilizadores emitir alertas, aceder a informação sobre eventos e consultar conteúdos educativos sobre riscos geológicos e costeiros, como movimentos de vertente, sismos, inundações e erosão costeira, reforçando a segurança das populações e a capacidade de resposta em situações de risco.
Entre os resultados mais relevantes do projeto destaca-se a criação de cinco observatórios-piloto de cidadãos, que permitem às comunidades locais recolher e partilhar dados sobre riscos geológicos. Estas plataformas funcionam como instrumentos de monitorização e alerta precoce, fortalecendo a ligação entre a ciência e a proteção civil, e promovendo uma governação participativa e colaborativa do risco.
O consórcio coordenado pelo Instituto Superior Técnico integra 13 parceiros de Portugal, Espanha, França, Irlanda e Reino Unido, sendo o único projeto de cooperação europeia liderado por uma instituição académica portuguesa a alcançar a fase final da edição de 2025. A distinção dupla — na categoria ‘Uma Europa Verde’ e no Prémio do Público — confirma o impacto científico e social do projeto no espaço atlântico.
Cinco categorias, cinco vencedores
Os Prémios REGIOSTARS, organizados desde 2008 pela Direção-Geral da Política Regional e Urbana da Comissão Europeia (DG REGIO), são considerados o selo europeu de excelência para projetos financiados pela Política de Coesão. Todos os anos, reconhecem as iniciativas que melhor demonstram o impacto, a inovação e a inclusão no desenvolvimento regional.
Na edição de 2025, um total de 266 candidaturas concorreu nas cinco categorias correspondentes aos objetivos da política de coesão da União Europeia, sendo 25 projetos finalistas avaliados por um júri internacional. Os vencedores foram:
- Satellite radar-based fertilisation maps (Polónia), na categoria ‘Uma Europa Competitiva e Inteligente’, que utiliza imagens de radar por satélite para criar mapas de fertilização de precisão, ajudando os agricultores a otimizar o uso de fertilizantes e a reduzir o impacto ambiental da agricultura;
- Atlantic Geohazard Risk Management (AGEO) (Portugal, Espanha, França, Irlanda e Reino Unido), na categoria ‘Uma Europa Verde’, que recorre à ciência cidadã e à observação da Terra para mitigar riscos geológicos e costeiros no espaço atlântico. O projeto destacou-se ainda por ter sido o mais votado pelo público europeu, arrecadando o Prémio do Público entre mais de 19 mil votos registados;
- MONOCAB OWL – New mobility on old tracks (Alemanha), na categoria ‘Uma Europa Conectada’, que desenvolveu um sistema de transporte monorraíl giroscópico, autónomo e sob pedido, reutilizando linhas ferroviárias desativadas para promover mobilidade sustentável em áreas rurais;
- Early support for families at risk (Chéquia), na categoria ‘Uma Europa Social e Inclusiva’, que oferece apoio psicológico gratuito a mulheres após o parto, através de rastreios hospitalares e acompanhamento personalizado, ligando os serviços de saúde e sociais;
- Shankill Shared Women’s Centre (Irlanda do Norte), na categoria ‘Uma Europa Mais Próxima dos Cidadãos’, que criou o primeiro centro partilhado para mulheres das comunidades protestante e católica, promovendo a reconciliação, a paz e a coesão social através da educação e do convívio comunitário.
Excelência europeia e cooperação transnacional
Os Prémios REGIOSTARS 2025 evidenciam o papel transformador dos fundos europeus na promoção da inovação, da transição verde e da coesão territorial em toda a Europa. O sucesso do projeto AGEO sublinha a capacidade de Portugal liderar projetos de investigação aplicada com impacto europeu, envolvendo comunidades locais e reforçando a cooperação transnacional na proteção civil e na adaptação às alterações climáticas.